quarta-feira, 4 de maio de 2011

A velhice na sociedade moderna


A terceira idade, os idosos, os velhos... Ah! sim, hoje é a MELHOR idade. Há uma preocupação mundial em relação ao envelhecimento da população. Em geral, os velhos são vistos como um peso para a sociedade. Afinal, agora eles recebem sem trabalhar. Os que realmente trabalham devem sustentá-los. Que tratamento cruel nossa sociedade ocidental dá aos idosos! Envelhecer hoje é um desafio, não uma honra.
Esse triste quadro de nossa sociedade é bem analisado por Ecléa Bosi, uma das maiores referências nos estudos sobre memória. A leitura do trecho do texto que segue nos leva a refletir sobre o papel do idoso na sociedade moderna e o tratamento que lhe é dado.

A velhice na sociedade moderna
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. Lembranças dos velhos. São Paulo: T. A. Queiroz, 1983, p.34-39 (adaptado).

Além de ser um destino do indivíduo, a velhice é uma categoria social. Tem um estatuto contingente, pois cada ser vive de forma diferente o declínio biológico do homem. A sociedade industrial é maléfica para a velhice. Nas sociedades mais estáveis ou tradicionais um octogenário pode começar a construção de uma casa, a plantação de uma horta, pode preparar os canteiros e semear um jardim. Seu filho continuará sua obra. Quando as mudanças históricas se aceleram e a sociedade extrai sua energia da divisão de classes, todo sentimento de continuidade é arrancado de nosso trabalho. Destruirão amanhã o que construímos hoje. O filho não recomeçará o trabalho do pai e este sabe disso.
A sociedade rejeita o velho, não oferece nenhuma sobrevivência à sua obra. Perdendo sua força de trabalho, ele já não é produtor nem reprodutor. Se a posse, a propriedade, constituem uma defesa contra o outro, o velho de uma classe favorecida defende-se pela acumulação de bens. Suas propriedades o defendem da desvalorização de sua pessoa. A característica da relação do adulto com o velho é a falta de reciprocidade que pode se traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade. Não se discute com o velho, não se confrontam opiniões com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos amigos.
O velho sente-se um indivíduo diminuído, que luta para continuar sendo um homem. Como deveria ser uma sociedade para que, na velhice, o homem permaneça homem? A resposta é radical: seria preciso que ele sempre tivesse sido tratado como homem. Mas tal não acontece: nesta sociedade pragmática, que desvaloriza o homem em favor da mercadoria e do lucro, é necessário lutar para conseguir direitos. Para que nenhuma forma de humanidade seja excluída da humanidade é que as chamadas minoria têm reagido: mulheres, negros etc. Mas o velho não tem armas. Nós é que temos que lutar por ele.

2 comentários:

  1. Olá Senhor Hugo!
    Os mais velhos não deveriam ser vistos desta maneira, mas quem somos nós pra mudar a sociedade de hoje em dia?
    Como sempre pensei, acho que os idosos são os mais sábios e se tivermos o privilégio de tê-los por perto, perceberemos o quão valiosos eles são por terem passado pelo que estamos passando agora, eles têm uma certa experiência geral, referente a qualquer tipo de assunto.
    Talvez atualmente ele esteja sendo rejeitado por não ter vivido em uma época como a que vivemos agora (por assim dizer), a tecnologia é o que há e muitos também não tem a habilidade/capacidade de entrar neste "mundo" tão diferente.
    Fica aqui a minha opinião, talvez não tão coerente ao assunto tratado acima. Parabéns pelo blog, abraços.

    Verônica.

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  2. a velha fica 2 horas em pé na missa . é reclama 5 minutos no obinus

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