sexta-feira, 16 de abril de 2010

Resumo Índia

Como prometi aos meus alunos da 3ª série do Ensino Médio, aí vai o resumo que utilizei como atividade em sala de aula.

Índia


Cerca de 3000 anos a.C. o Vale do Rio Indo era habitado por uma população de pele morena ou negra, provavelmente vindas da África e por volta de 1400 a.C. a região foi invadida pelos arianos, povo de pele clara e cabelos loiros, que introduziram ali um sistema de divisão da sociedade em castas, cujo pertencimento era hereditário, e um conjunto de textos sagrados (os Vedas), escritos em sânscrito. Originalmente havia três castas: Os detentores do Saber (como os sacerdotes, os brâmanes), do Poder (príncipes e guerreiros) e do Ter (proprietários). Mais tarde seria criada a quarta casta, a dos trabalhadores saídos das populações locais. Os pátrias, ou seja, aqueles que não pertenciam a nenhuma das castas, eram considerados inferiores e, portanto eram marginalizados.
A cultura e as práticas religiosas hinduístas nasceram da fusão entre os ritos e costumes dos povos do Vale do Rio Indo e o sistema social e cultural dos invasores arianos. Conforme se expandiram por toda a península indiana, agregando outros povos, foram fundindo seus costumes e incorporando novas castas, que chegaram a cerca de 2400.
A partir do século VII os muçulmanos começam a chegar na Índia, e ocupam principalmente a região norte da península. Os muçulmanos são a segunda maior religião da Índia, atrás apenas do hinduísmo.
Em 1498 Vasco da Gama chegou na Índia e a rota marítima de especiarias e tecidos indianos é aberta. Durante três séculos as potências européias disputaram o controle desta rota, até que no século XIX o Império Britânico (maior desta época) tomou a Índia como sua colônia. Durante a maior parte do tempo, os britânicos dominaram através de alianças com os marajás e sultões que detinham os poderes locais, o que manteve o sistema de poder já existente. Porém, a geografia da península foi drasticamente modificada, com crescimento industrial e cidades costeiras, expansão das ferrovias, cultivo para exportação (algodão), etc. A Índia sofreu com os altos impostos da coroa britânica, e passou por uma fase de concentração fundiária e decadência social.
MAHATMA GANDHI E A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA
O movimento pela independência da Colônia Britânica da Índia começou com a fundação do Partido do Congresso, que buscava atrair a população para seu programa nacionalista. A maior parte dos seus membros era constituída de hinduístas, vivia nas cidades e pertencia ao pequeno círculo dos indianos que frequentavam as universidades. O nacionalismo indiano nasceu muito distante tanto das comunidades e aldeias camponesas, nas quais vivia a maior parte da população, quanto das vastas e miseráveis periferias urbanas. E mais distante ainda da população muçulmana que, em 1905, criaria seu próprio programa de libertação nacional através da fundação da Liga Muçulmana.
Diante deste cenário desolador surge o maior líder da história da Índia, Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948). Formado em Direito em Londres, Gandhi ingressou no movimento nacionalista indiano e pregava que a verdade, a pureza e a não-violência são as únicas forças que devem ser utilizadas para modificar a vontade do outro. Diante disso, dezenas de milhões de indianos passaram a boicotar os produtos manufaturados vendidos pelos britânicos, a desobedecer silenciosamente às suas ordens e a resistir pacificamente a seus exércitos. Em 1935, o Partido do Congresso (religião Hindu) estava bem estabelecido e decidido a lutar pela independência, assim como a Liga Muçulmana, esta, porém, intencionando dividir a índia em dois Estados independentes, um hindu e outro muçulmano.
O advento da 2ª Guerra Mundial acelerou o processo de independência, e com o consentimento dos Britânicos, em 1947 surgem dois novos Estados independentes: União Indiana (hindu) e Paquistão (Ocidental e Oriental; Muçulmano).
A partição da Índia provocou uma das maiores tragédias da era moderna. Nos meses que se seguiram à independência, cerca de 15 milhões de pessoas foram obrigadas a cruzar as recém-marcadas fronteiras entre a Índia e o Paquistão. Os problemas dessa partilha se arrastam até hoje. A região da Cachemira, por exemplo, onde a maior parte da população é muçulmana, ficou para a Índia. Até hoje, o Paquistão reivindica direitos sobre essa área.
O Paquistão Oriental, por sua vez, era habitado pelo povo bengali, também muçulmano, mas distinto dos povos do Paquistão Ocidental dos pontos de vista étnico e cultural. Em 1971 os bengalis declararam sua independência. O governo paquistanês, sediado no Paquistão Ocidental, mandou suas tropas para a região, dando início a mais um episódio de guerra civil na Península Indiana. Para fugir da violência das tropas paquistanesas, milhões de bengalis partiram para a Índia, que acabou enviando seu exército para apoiá-los. Em 1972, com a derrota das tropas governamentais paquistanesas e a vitória dos nacionalistas bengalis, nascia um novo Estado independente na região: Bangladesh, com capital em Daca.
Hoje, a Índia é uma das principais potências industriais do continente asiático. Com investimentos da ex-União Soviética durante a Guerra-Fria na indústria de base, hoje o país possui um grande parque industrial, principalmente indústrias de alta tecnologia. Todas as grandes empresas da indústria de informática possuem filiais na Índia (IBM, Microsoft, Apple, Motorola, Siemens, etc). É um dos maiores exportadores de softwares e mão-de-obra especializada, principalmente nas áreas de engenharia e informática. Apesar deste grande pólo industrial e tecnológico, a Índia apresenta uma grande desigualdade social. Sua população ainda é concentrada na zona rural, vivendo em condições de miséria e mantendo antigas tradições religiosas. Cerca de 80% da população sobrevive com até 2 dólares por dia. Mesmo assim, a Índia se mostra um grande mercado consumidor em expansão, pois, mesmo que somente 20% da população tenham poder de consumo, essa porcentagem representa cerca de 200 milhões de pessoas, mais do que toda a população brasileira.

Fonte: ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges; RIBEIRO, Wagner Costa. Construindo a geografia. São Paulo: Editora Moderna, 1999.

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